segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Entrevista Por Alessandro Lo-Bianco.

Aos 61 anos, a atriz Claudia Alencar conta como faz para se manter bonita, saudável e de bem com a vida.
Ninguém pode dizer que viver é uma tarefa fácil! Mas, também, ninguém pode afirmar que estar de bem com a vida é uma tarefa difícil. Afinal, o que é a felicidade? Um estado de espírito, um sentimento, uma energia cósmica? Até hoje, ao certo, ninguém conseguiu definir exatamente a sua fórmula. Alguns livros de autoajuda até que tentaram e disseram o lugar aonde ela poderia estar, mas, não conseguiram mostrar, com clareza, o caminho para se chegar lá. Algo parecido com “A felicidade esta no alto da montanha no norte do Tibet, no meio de quatro pedras orientais sagradas, em formato de uma flor”. Mas como alcançá-la? Aí esta o problema, caro leitor. O fato é que, ao menos, a ciência já comprova: quanto mais satisfeito com a vida você estiver, maiores chances você terá de viver uma vida mais saudável e duradoura. E é justamente este o pensamento da atriz Cláudia Alencar. Aos 61 anos de idade e dona de uma beleza e saúde inquestionável, a artista fala nesta entrevista sobre alguns ingredientes essenciais para deixar a receita da nossa vida ainda mais saborosa! Confira!



Não é nenhum absurdo dizer que, aos 61 anos, você tem deixado algumas “mocinhas” no chinelo. Qual é o segredo?
Para mim, o segredo é a disciplina, que leva à liberdade. Liberdade de poder correr, subir em árvores e trabalhar sem se cansar. A mente comanda o que penso, o que como e o que faço. O importante é sempre ter metas. E uma delas na minha vida foi optar por ser saudável.
Dizem que a felicidade é um ingrediente essencial…
Com certeza! Enfrentar as dificuldades com humor e de forma leve é a melhor maneira de preservar a saúde. O stress, a falta de sono e a pressão exagerada trás mais doenças do que imaginamos. Por isso, procuro ser tranquila. Tento.
Muita gente se diz feliz por mera aparência, enquanto é notório que não estão de bem com a vida. O que você poderia dizer para estas pessoas?
Falar salva, a mudez mata. Falar, escrever, pintar, dançar, cantar, fazer algum esporte e falar, falar sempre salva! Nós não podemos ficar alimentando o lixo interno! Se não expressamos nossas mágoas, elas irão se transformar em algum monstro mais tarde. É preciso extravasar através da arte, da religião, da terapia, de alguma maneira e sempre falar, dissolvendo o nó da garganta!
Qual é a sua válvula de escape?
Escrevo, medito, vou à terapia, falo, falo… Ando na praia e entro no mar. Pinto. Canto. Escrevo de novo. Vou ao cinema, teatro e, se puder viajar, é uma das saídas também.
O que é o amor pra você? Pode descrevê-lo ao seu pensamento?
Amor é a gente pensar como o outro pensa. É amar “apesar de” e também “por causa de”. É estar feliz só com a companhia do outro, mesmo quieto. Sentir alegria, quando se está junto e saudades quando estamos longe. É se alegrar com as vitorias do outro como se fossem nossas e ficar triste com suas tristezas como se fossem nossas também. É crescer e fazer o outro crescer. Amor é construção. É paixão com equilíbrio. É dar o seu melhor e aceitar o melhor do outro. É preciso saber dar e não só receber. Amar é a maior preciosidade do Universo. É para isso que vivemos. “A Vida é a Escola e o Amor é a sua lição”. Por isso, tento ser boa aluna.
No seu caso, que papel tem a família?
Minha família é minha raiz, meu sustentáculo. Minha razão de ser. E tenho uma família alegre e amorosa. A paz no meu lar vem da alegria e do amor que temos uns pelos outros. A gente gosta de se zoar, de rir, fazer programas juntos e brincar. Construí uma família alegre, gozada, e muito amorosa.
O que você faz todos os dias que influencia diretamente na sua saúde e felicidade?
Tomo sempre um suco de verduras todas as manhãs e busco me exercitar todos os dias. Não abro mão! Também medito todas as manhãs, antes de me levantar da cama.
Qual foi o momento mais difícil da sua vida?
Quando estava fazendo Hilda Furacão na TV e, ao mesmo tempo, A Partilha no Teatro. Minha mãe ficou doente e não pude dar assistência a ela como queria, pois quando o teatro terminava no domingo, a minissérie começava na segunda. Ia para São Paulo uma vez por semana até que mamãe morreu, e eu não pude estar ao lado dela. No dia seguinte tive que entrar em cena na Partilha e fazer a peça como se nada tivesse acontecido. E na peça, o primeiro ato abria no velório da mãe, e as irmãs ficavam o tempo todo olhando o caixão e fazendo gracinhas. Eu fazia comédia no palco e chorava depois no camarim. Ali eu vi que era uma atriz de verdade.
E como conseguiu superar isso?
Desenhei muito. Não pude escrever, porque a dor era muito forte e a escrita é muito profunda, o que me fazia chorar ainda mais. Desenhar me levava a outro mundo e eu sublimava a dor. Não fui mais alegre durante muito tempo, até que comecei uma terapia. Foi aí que o mundo mudou. Ficou tudo muito mais simples quando falei minhas magoas na terapia. Desta forma consegui fazer o luto e a alegria voltou.
Quem é o seu maior exemplo, e o que ele fez para que se tornasse um?
Admiro muito Bibi Ferreira por sua garra e talento. Ela é uma das maiores atrizes que temos. Tem muita vitalidade, quer sempre aprender, é generosa, ensina todos os segredos do palco, é paciente, alegre, talentosa e está sempre elogiando as pessoas. Um ser extraordinário.
Um livro e um filme que você recomenda pra melhorar a vida e o pensamento das pessoas?
Um filme: “A Viagem de Chihiro”. E um livro “A Historia íntima da Humanidade”.
Uma receita para levar felicidade à mesa das pessoas…
Uma boa conversa, bela amizade, um prato de peixe cozido maravilhoso, uma bela salada, uma farofa de cuscuz marroquino e uma taça de vinho branco.
O que você pensa a respeito da forma como os governantes vêm conduzindo as coisas em nosso país?
Sinto-me enganada sempre. Quando começo a ter alguma esperança, verifico depois que fui enganada. Acho que nossos governantes são muito corruptos e que a Justiça se faz sazonalmente. O Brasil está se recuperando graças ao nosso povo e a economia mundial que precisa das nossas matérias primas. Espero sinceramente que nossos governantes tenham orgulho de serem brasileiros e lutem pelo nosso povo, e não só por si e suas famílias.


BATE BOLA
Um ídolo: Woody Allen.
Um inimigo: Políticos corruptos.
Amizade: Amor sem sexo.
Um sonho realizado: Ser atriz.
Um prato: Peixe ao sal grosso.
Uma música: “Resistiré” com Duo Dinamico, trilha sonora de Almodóvar.
Um lugar: New York.
Um amor: Da minha mãe.
Um arrependimento: Não ter tido mais dois filhos.
Uma qualidade: Persistência.
Um defeito: Não lembrar do aniversário de ninguém. Só dos filhos.
Uma frase: Ansiedade é falta de delicadeza com o andar da natureza.
Um ensinamento inesquecível: Primeiro o Dever depois o Prazer.




FONTE:


sábado, 1 de outubro de 2011